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6.3.13

Carta à Laurinda



Ó Laurinda,
da minha janela vejo laranjas, e ó que maravilhas as vistas!
(neste momento laranjas também são fantasias de amor).
Ao bocado, tive a sorte de chegar ao pé dela
da janela
e um jacto rasgar o céu em luz, e
para além disso
subia!
E fez-me pensar.
E depois
fez-me olhar para as laranjas, maravilhosas.
E  fez-me pensar
outra vez,
e no que as laranjas também são.

Ói, por cá assim se anda
em saltinhos.
Um corpo feito, entre a terra e a lua
entre-entre.
Sonhar amar sonhar ser, sonhar ser sonhar amar,
que nem as florzinhas.

Laranja Laranja,
nem os pés pousam, nem o chão chega, nem o vôo alcança…
um esforço grande na verdade.
- Poderes estar quieta por momentos, só estar,
que nem as florzinhas.
É o que dá ir à janela…
Assim se chama este pedaço de texto creio eu
Sonhar só estar
Indinha indinha…